Texas vs Oklahoma: passado, presente e futuro
O Red River Rivalry se prepara para deixar a Big 12 com o jogo mais importante da rivalidade em décadas
Olá, fã do college!
Seja você um fã de longa data do college football ou ainda esteja ainda dando seus primeiros passes nesse mundo, você certamente tem uma ideia da dimensão da rivalidade que há entre Texas e Oklahoma.
Poderia cair na tentação de simplificar dizendo que é uma rivalidade no nível que existe entre Corinthians e Palmeiras, Flamengo e Vasco ou Grêmio e Internacional. Mas seria uma comparação equivocada. Mas além da dificuldade em comparar coisas tão abstratas, a natureza da animosidade entre Texas e Oklahoma se confunde com a história política e cultural da formação desses dois estados americanos.
O Red River Showdown (nome pelo qual o jogo é hoje conhecido) começou a sua história em 1900, antes mesmo de Oklahoma ser reconhecido oficialmente como um estado da federação. O termo “Red River” refere-se ao rio que corre ao longo de boa parte da fronteira entre os estados de Texas e Oklahoma.
No primeiro jogo entre os times, os Longhorns venceram por 28 a 2. Desde então, todos os anos, no início de outubro, os times se reúnem para reacender a rivalidade.
No início, a série era jogada nos estádios designados pelo time mandante. Mas desde 1912, o jogo passou a ser disputado todos os anos em Dallas, exceto em 1913 (Houston), 1922 (Norman) e 1923 (Austin). A cidade de Dallas foi escolhida por ser considerada um campo neutro, uma vez ela que está situada aproximadamente no meio do caminho entre Austin (Texas) e Norman (Oklahoma).
Em 1932, o jogo passou a ser disputado no histórico Cotton Bowl de Dallas durante o State Fair of Texas, tradicional feira realizada anualmente desde 1886 que reúne milhares de visitantes. Turistas de todo país se reúnem todos os anos no Fair Park para desfrutar das inúmeras festividades que acontecem no entorno do estádio.
Como era de se esperar, Texas vs Oklahoma, tornou-se o carro-chefe do evento. As arquibancadas do Cotton Bowl são então pintadas igualmente de vermelho e laranja, sendo um raro exemplo dentro dos esportes em geral em que não há torcida visitante. Isso cria uma ambientação única, de barulho intenso e constante produzido por um público de 92.000 mil pessoas.
É como certa vez Mack Brown, ex-head coach dos Longhorns, descreveu: “Não é como você ter uma torcida a favor ou uma torcida adversária, quando é barulhento para nós e quieto para eles, ou algo assim. Neste jogo, sempre tem alguém gritando em cada jogada"¹.
Não é para menos, considerando que há em jogo nada menos que TRÊS troféus! O primeiro é o famoso “Golden Hat”, um chapéu dourado gigante que é dado em campo logo após o apito final e fica em exposição no departamento atlético da universidade vencedora até o confronto do ano seguinte. O segundo troféu é o “The Governor’s Trophy”, que é trocado entre os governadores de Texas e Oklahoma. Por fim, há o “Red River Rivalry Trophy”, o mais novo dos três, trocado entre os estudantes das duas escolas.
Atualmente, Texas lidera a série histórica com 60 vitórias, 50 derrotas e cinco empates. Porém, se você tirar por base os últimos 67 anos, a série encontra-se empatada em 33-33-3.
Mas é Oklahoma é quem, no geral, tem tido mais sucesso nos últimos anos. Desde 2010, os Sooners venceram 10 partidas, enquanto os Longhorns venceram apenas quatro. Porém, uma dessas vitórias de Texas foi o 49 a 0 do ano passado, que assombra até hoje o torcedor dos Sooners.
Provavelmente não teremos outro blowout este ano. Esse será o primeiro jogo desde 2011 em que tanto Texas e Oklahoma jogarão não somente ranqueados, como também invictos.
O jogo deste ano marca também a última vez que o clássico será jogado sob a bandeira da Big 12. A partir do ano que vem, tanto Texas e Oklahoma jogarão na SEC.
Felizmente, essa é uma rivalidade que não foi vítima (ainda) do realinhamento de conferências. Apesar de toda a rivalidade existente entre as duas universidades, ambas reconhecem a importância do adversário na identidade e sobrevivência um do outro.
Embora o Red River Rivalry vá continuar sendo um dos principais eventos anuais do college football, fato é que, na SEC, o jogo não terá o mesmo peso que teve durante todos esses anos na Big 12. Texas vs Oklahoma é o maior evento dentro da conferência. Ponto.
É quando os seus dois maiores programas se enfrentam, atraindo atenção de todo os EUA. Na SEC, o jogo rivalizará em importância com o Iron Bowl (nome pelo qual o jogo entre Alabama e Auburn é conhecido) e não terá o mesmo peso para o restante da temporada como tem agora.
Basta imagina que, caso Texas vença Oklahoma neste sábado, ele tem grandes chances de passar a ser o nº 1 do país, tendo um claro caminho para terminar o ano com 12 vitórias. Na SEC, ele certamente teria um calendário mais indigesto pela frente.
Curiosamente, durante todos esses anos compartilhando da mesma conferência, os dois times chegaram juntos à final apenas uma vez, em 2018, quando os Sooners venceram por 39 a 27 e faturaram o seu nono título da Big 12 (eles viriam a vencer também em 2019 e 2020).
Mas a importância do jogo deste sábado não reside somente no fato desde jogo poder ser a despedida da rivalidade da Big 12 (há ainda uma chance dos times se enfrentarem na final da conferência). Há muito tempo que o resultado de Texas vs Oklahoma não possui tantas implicações na corrida pelo título nacional. Certamente é o mais importante desde que o College Football Playoff começou a ser disputado.
Pela primeira vez, em mais de uma década Texas se mostra um competidor legítimo a nível nacional. Oklahoma, que teve uma temporada 2022 decepcionante, melhora a cada semana, tendo um time muito equilibrado entre ataque e defesa. Os dois times, caso vençam, possuem plenas condições de chegar aos playoffs e disputar o título nacional.
Façam suas apostas!
PREVIEWS DA SEMANA
#12 OKLAHOMA vs #3 TEXAS (Sábado, 13h) | Não espere outro 49-0. Oklahoma tem terceiro melhor ataque do país em pontuação, com 47,4 pontos por jogo. O QB Dillon Gabriel, do Sooners, não é apenas o quarterback mais preciso da Big 12 (75,2% de taxa de conclusão), como também é o mais prolífico, com 1.593 jardas de passe e 15 touchdowns. Ele também marcou quatro touchdowns terrestres e teve apenas duas interceptações. O QB Quinn Ewers, embora não tenha recordes tão robustos quanto Gabriel, também tem cuidado muito bem da bola e conduzido o ataque com confiança e segurança. Tanto que não se ouve pio sobre Arch Manning em lugar nenhum. Um matchup que será interessante de se acompanhar neste sábado será o do jogo corrido dos Longhorns contra a defesa dos Sooners. O RB Jonathon Brooks lidera o time com cinco TDs terrestres e está terceiro lugar no país em jardas corridas (597), tendo uma média de sete jardas por tentativa. Porém, Oklahoma ainda não cedeu nenhum touchdown terrestre este ano. Os Sooners ainda possuem a respeitável quarta colocação no país em melhor defesa em média de pontos cedidos por jogo (10,8). Porém, como é típico do Red River Showdown, não espere pontuação baixa.
#23 LSU at #21 MISSOURI (Sábado, 13h) | Confronto entre Tigers! Os dois times vivem momentos bem diferentes na temporada. Os Tigers de Baton Rouge já acumulam duas derrotas e praticamente viram desaparecer suas chances de participar do College Football Playoff. Os Tigers de Columbia estão 5-0 na temporada pela primeira vez desde 2013, ano em que venceram a SEC East. Portanto, não tomem LSU como amplo favoritos. Será um jogo equilibrado e decidido por no máximo uma posse de bola. Para quem curte ver WR, esse jogo não poderia ser mais atrativo: Luther Burden III, de Missouri (644 jardas recebidas) e Malik Nabers, de LSU (625 jardas), são os dois jogadores que mais receberam jardas na temporada até agora.
#11 ALABAMA at TEXAS A&M (Sábado, 16:30) | Pode ser um choque para você, mas Texas A&M e Alabama são os únicos times invictos no confronto interno da SEC West. O vencedor da partida deste sábado vai dar um passo enorme para conquistar a divisão e, consequentemente, uma vaga na final da conferência. Na última vez que os dois times se enfrentam em College Station deu Aggies por 41 a 38, vitória que assegurou o emprego de Jimbo Fisher até agora. Uma nova vitória neste sábado, provavelmente assegurará seu cargo por mais alguns anos. Se conseguir, será com o QB reserva. Esse será o segundo jogo do QB Max Johnson como titular neste ano. Conner Weigman lesionou o pé no jogo contra Auburn e vai desfalcar a equipe no restante da temporada. Do lado da Crimson Tide, apesar de este ser primeiro ano de titular de Jalen Milroe, ele já tem no currículo uma vitória sobre os Aggies. Ele lançou para 111 jardas, 3 TDs e 1 INT na vitória de Alabama por 24 a 21 em 2022. Embora Milroe ainda esteja abaixo do nível dos seus antecessores na posição, ele tem evoluído a cada jogo, assim como a Crimson Tide como um todo. Eu ainda acredito em Nick Saban.
#20 KENTUCKY at #1 GEORGIA (Sábado, 20:00, ESPN 3) | Depois de escapar por pouco de uma derrota para Auburn no primeiro jogo fora de casa da temporada, Georgia terá pela frente neste sábado talvez seu maior desafio da temporada regular contra a invicta Kentucky. Os Wildcats venceram Florida com autoridade, com uma performance espetacular do RB Ray Davis. Mas a defesa de Georgia é muito melhor que a de Florida e acredito que toda essa explosão não se repita. Porém, a defesa dos Bulldogs tem cedido uma média de 113,4 jardas terrestres por jogo, ocupando a 37º posição do país. Há de se convir que ela não se compara à espetacular defesa dos últimos anos. Porém, o mando do jogo é de Georgia e o retrospecto é esmagadoramente favorável ao time da casa. A última vitória de Kentucky na série foi uma vitória por 37-24 em Athens em 2009. Além disso, os Bulldogs estão 31-4-2 contra os Wildcats no Sanford Stadium. Ou seja, apesar de invicta e ranqueada, Kentucky é zebra.
#10 NOTRE DAME at #25 LOUISVILLE (Sábado, 20:30) | Notre Dame passou por fortes provações nos últimos dois jogos, com resultados bem diferentes entre si. Contra Ohio State, a derrota veio no último segundo da partida, quando uma falha da comissão técnica permitiu que o time colocasse em campo apenas 10 jogadores nas duas últimas jogadas. Contra Duke, a virada foi a favor, também na última campanha, quando corridas de Sam Hartman e Audric Estime permitiram que o time atravessasse o campo rapidinho e garantissem a vitória. Será assim também com Louisville? Os Cardinals estão invictos no ano graças ao ótimo trabalho Jeff Brohm em seu primeiro ano no programa. Foram quatro vitórias contra adversários do Power 5 até agora. Ninguém tem mais vitórias sobre times da Power 5 do que Louisville (Penn State também tem quatro vitórias). Porém, a maioria destas vitórias foram sobre alguns dos times mais fracos da Power 5 (Georgia Tech, Indiana, Boston College). Notre Dame, de longe, será o adversário mais forte de seu calendário até o momento e, provavelmente, forte demais mesmo jogando em casa.
» COLLEGE FOOTBALL
■ A NCAA voltou atrás em sua decisão e autorizou que o WR Tez Walker, de North Carolina, jogue nesta temporada. A instituição anunciou que as novas informações fornecidas pela escola permitiu a reconsideração da decisão. Como UNC é a sua 3ª escola, ele precisava que a NCAA aprovasse seu pedido de exceção para jogar imediatamente. Lembrando que one transfer rule ainda vigora no college. (ESPN)
■ O quarterback Cade McNamara rompeu do ligamento cruzado anterior no joelho esquerdo e não vai jogar mais nesta temporada, anunciou o treinador Kirk Ferentz na última terça-feira. Deacon Hill, que lançou para 115 jardas e um TD na vitória do último sábado contra Michigan State, será o novo QB titular. (ESPN)
■ O safety Greg Brooks Jr., de LSU, foi diagnosticado com uma forma rara de câncer no cérebro chamada meduloblastoma. Brooks realizou uma cirurgia de emergência no mês passado para remover o tumor e a biópsia apontou a natureza do câncer. Durante a pré-temporada, Brooks perdeu alguns treinos em razão do que descreveu como vertigem. Pouco antes do jogo contra Mississippi State em 16 de setembro, Brooks foi submetido a cirurgia em caráter de urgência. (The Athletic)
■ Indiana demitiu o coordenador ofensivo Walt Bell depois que da derrota da equipe para Maryland no último sábado. Rod Carey, assistente técnico do time e que já foi head coach de Temple, será o novo OC. Os Hoosiers ocupam a 113ª posição nacional em pontuação ofensiva e terminou em 99º lugar no ano passado. Bell estava em seu segundo ano com o programa. (The Athletic)
■ Pat Fitzgerald, ex-head coach de Northwestern e que foi demitido em agosto, entrou com uma ação indenizatória contra a universidade nesta semana. Ele alega que ele e a escola teriam concordado oralmente que sua única punição seria a suspensão. Fitzgerald foi técnico dos Wildcats por 17 temporadas e teria se omitido de tomar medidas contra os trotes dentro do programa. Na ação, ele pede uma indenização de mais de US$ 130 milhões. (The Athletic)
■ Nesta quinta-feira, a Big Ten divulgou o seu novo calendário para as temporadas 2024 a 2028. O calendário, que já havia sido divulgado em junho, precisou ser refeito após o anúncio de que Oregon e Washington se juntarão a conferência a partir do ano que vem. 2024 também será o ano de estreia de UCLA e USC na Big Ten. Confira o calendário aqui.
■ A Gallaudet University, escola para surdos e com problemas de audição que joga da Division III da NCAA, anunciou que seu time usará um protótipo de capacete desenvolvido pela AT&T. Neste sábado, o quarterback Brandon Washington usará um capacete equipado com uma pequena tela no topo do visor onde as jogadas chamadas pelo técnico aparecerão. Essa não é a primeira vez a escola pretende revolucionar o esporte. Em 1894, Gallaudet inventou o huddle, pois, quando eles estavam jogando com outra escola para surdos, eles não queriam que o oponente os visse sinalizando um para o outro. (USA Today)
■ Morgan State cancelou o jogo deste sábado contra Stony Brook em razão do tiroteio ocorrido no campus da universidade nesta semana que deixou cinco pessoas feridas. Todos os outros eventos atléticos e acadêmicos deste fim de semana também foram cancelados. (ESPN)
» COLLEGE BASKETBALL
■ LeBron James revelou que a recuperação de seu filho, Bronny, está avançando e que o objetivo é que ele retorne a jogar já na próxima temporada. (The Associated Press)
■ Arterio Morris foi dispensado de Kansas depois de ter sido acusado na última sexta-feira de envolvimento em um caso de estupro. Esse não é o primeiro problema legal que o jogador se encontra envolvido. Quando ainda jogava em Texas, ele foi acusado de agressão de sua ex-namorada. (The Associated Press)
» COLLEGE SPORTS
■ A NCAA vai limitar a janela do portal de transferência para 45 dias para todos os esportes. No futebol americano, haverá 30 dias de janela após o término da temporada e 15 dias após os treinos de primavera. Isso não afeta quando um atleta deverá se transferir, a regra refere-se apenas ao prazo de quando ele pode inserir seu nome no banco de dados da NCAA para fazer a transferência sem penalidades. Assim que o nome do atleta está no portal de transferência, ele pode ter contato com outros treinadores e pode fazer a transferência a qualquer momento. (ESPN)