Porque o College Football Playoff demorou tanto para expandir?
Mais: confira a análise de Jaelyn Duncan por Matheus Ornellas e também algumas prévias da semana 2 do college football
Olá, fã do college!
Depois de apenas um rodada completa de college football nesta temporada, já há inúmeras narrativas interessantes em andamento: será que o ataque de Iowa consegue marcar pontos? Será que Anthony Richardson conseguirá conduzir Florida à final da SEC logo no seu primeiro ano de titularidade? A Pac-12 já está eliminada do College Football Playoff? Não faltam, pois, histórias interessantes a serem abordadas por aqui. Contudo, gostaria de dar meus cinco centavos sobre um assunto que chacoalhou o universo do futebol americano universitário na última sexta-feira: a expansão do College Football Playoff.
Como todos devem saber, o comitê de administração do CFP, composto pelos 10 presidentes de conferência da FBS e pelo diretor atlético de Notre Dame, aprovou a expansão dos playoffs dos atuais 4 times para 12 a partir de 2026. Ficou ressalvada, porém, a possibilidade do novo formato começar em 2024 ou 2025, a depender do sucesso na renegociação de alguns contratos, especialmente os de direito de transmissão com a ESPN.
Os 12 times participantes serão os seis campeões de conferência mais bem classificados no ranking elaborado pelo comitê responsável, mais as seis equipes mais bem ranqueadas no geral. Os 4 melhores campeões de conferência terão um bye na primeira rodada de playoffs.
As conversas para a expansão começaram para valer na offseason da temporada de 2021. Na época, porém, a expansão encontrou resistência por parte de alguns presidentes de conferência, notadamente pelos comissário da Big Ten, da ACC e da Pac-12. Porém, todas as reservas que eles tinham subitamente desapareceram nas últimas semanas, quando se tornaram públicas as informações que UCLA e USC estariam de mudança para a Big Ten.
Esse realinhamento radical de dois tradicionais programas do futebol americano universitário mudou radicalmente a forma como os dirigentes enxergavam a expansão dos playoffs. George Kliavkoff (comissário da Pac-12) e Jim Phillips (comissário da ACC) encaram agora a expansão como um elemento importante para a sobrevivência de suas conferências. Em tempos de realinhamento e a formação de super-conferências, um playoff que garanta acesso aos seis melhores campeões de conferência, não só significa mais dinheiro, como também um freio para que programas tradicionais abandonem sua conferência para uma mais forte. Certamente, um programa como Washington, por exemplo, terá mais condições de vencer a Pac-12 do que, por exemplo, a Big Ten.
Mas isso não explicaria porque a SEC e a Big Ten embarcaram no trem da expansão. Além do componente financeiro (que não pode ser desconsiderado em nenhum momento), é possível que os comissários dessas conferências tenham percebido que perderiam uma parte significativa dos fãs casuais de seus jogos se alienassem ainda mais as outro oito conferências da FBS.
Ainda assim, essa conjuntura não explica sozinho porque demorou-se tanto para que os playoffs fossem expandidos. Os motivos são inúmeros, mas eu gostaria de trazer um em específico. O college football opera de uma forma totalmente diferente que a NFL. No college, ninguém está no comando geral. Há um século e meio, o poder de decisão está dividido entre comissários de conferências, diretores atléticos, treinadores, reitores de universidades, regentes etc etc. Por muitas vezes, essa desconcentração gera benefícios, como a criação de rivalidades e de culturas diversas que deixam o college football tão rico como é. Por outro lado, quando é necessário entrar em um acordo para escolher a melhor forma para decidir o título nacional, essa desconcentração cobra um preço. Esse é um dos motivos pelo qual o College Football Playoff teve início somente em 2015.
Os playoffs não ficaram de fora da onda renovadora que está varrendo os esportes universitários como um todo. Portal de transferências, NIL, realinhamento de conferências e, agora, expansão dos playoffs são as mudanças mais evidentes da pressão para que o esporte universitário abandone o amadorismo. Cedo ou tarde, a profissionalização vai chegar. Os efeitos a longo prazo disso tudo sobre esse universo que tanto amamos ainda são incertos, mas, certamente, serão revolucionários.
PRÉVIA DA SEMANA 2
ALABAMA at TEXAS (sábado, 13:00): No principal jogo da semana 2, a Crimson Tide viaja até Austin para enfrentar os Longhorns numa partida cercada de expectativa. Enquanto os torcedores de Texas tentam manter os pés no chão com o time, que apresenta boas peças e playmakers talentosos, como o RB Bijan Robinson e o WR Xavier Worthy, os de Alabama já fazem planos para os playoffs e se perguntam se o time será páreo dessa vez para Georgia. Mesmo jogando fora de casa, Alabama é o franco favorito para vencer. Ainda assim, será um jogo divertido de se assistir. Os dois times, embora sejam dois dos programas mais tradicionais do college football, pouco se enfrentaram em sua história. O recorde de Alabama é um singelo 1-7-1 em sua história contra o Texas, e o do técnico Nick Saban é 1-1, com a derrota tendo ocorrido em 2003 quando treinava LSU, e a vitória foi já com Alabama, em 2010.
TENNESSEE at PITTSBURGH (sábado, 16:30): depois de uma partida difícil no clássico contra West Virginia (na qual venceu por 41 a 34), os Panthers vão encarar outra pedreira dentro de casa. Os Volunteers começaram 2022 da mesma forma como terminou 2021: fazendo um caminhão de pontos. Eles fizeram pelo menos 45 pontos em quatro jogos consecutivos, empatando um recorde que vem 1993. Hendon Hooker lançou pelo menos um passe para touchdown em todos os jogos em que participou desde que assumiu o lugar de Joe Milton como titular na derrota para os Panthers no ano passado. Se Pitt teve dificuldades contra o ataque de West Virginia, as perspectivas não são melhores contra o ataque de Josh Heupel. Curiosidade: essa será a primeira vez na história que um time da SEC jogará em Pittsburgh.
KENTUCKY at FLORIDA (sábado, 20:00): Não mais que de repente, Florida se transformou em um time (mais um) a ser temido dentro da SEC. A vitória sobre Utah, até então o sétimo melhor time do país segundo a Associated Press, foi suficiente para catapultá-los para à 12ª posição, acima, inclusive, do seu adversário deste sábado. O bonde do hype sobre Anthony Richardson já partiu e dentro dele está toda a torcida dos Gators, que ano passado implorava para o então técnico Dan Mullen colocá-lo para jogar. Mas agora é hora de estrear contra uma defesa de elite, como é a de Kentucky. Menos mal que o jogo seja em casa. Os Wildcats possuem apenas uma vitória em Gainesville desde 1979.
USC at STANFORD (sábado, 20:30): essa é a partida que será transmitida pela ESPN3 nesta semana. Os dois times estrearam na temporada com vitórias. USC venceu Rice por 66 a 14 e Stanford venceu Colgate por 41 a 10. USC teve um início lento no jogo do último sábado, tomando um touchdown na primeira campanha adversária, mas não tomou mais sustos desde então. Caleb Williams e Jordan Addison, como esperado, se mostrou uma dupla fatal para a secundária e evidenciou que, se a defesa evoluir, os Trojans irão competir pelo título da Pac-12. Quem impressionou pelo lado de Stanford foi o RB E.J. Smith, que correu para 118 jardas e dois TD’s. Ele deve ter também um bom desempenho neste sábado, mas não será o suficiente para vencer USC e seu estelar elenco.
BAYLOR at BYU (sábado, 23:15): esse possivelmente será o confronto mais equilibrado desta semana. Dave Aranda sabe como montar uma defesa. Mas a linha ofensiva dos Cougars é fantástica, sem contar na boa fase que o QB Jaren Hall se encontra. O jogo corrido não fica atrás: foram 312 jardas terrestres totais na vitória contra USF. Ocorre que Baylor e BYU, que serão companheiros de conferência a partir do ano que vem, se enfrentarão numa pulsante LaVell Edwards Stadium, que será um elemento importante nesse jogo. BYU também tem apenas uma derrota em Provo nas últimas duas temporadas. A última vez que Baylor jogou em Provo foi em 1984, quando foi derrotado por 47-13. Se fosse em Waco, a história desse jogo seria diferente. Como foi em 2021, quando Baylor venceu BYU por 38 a 24.
PICKS DA SEMANA
Florida e Florida State me surpreenderam no último sábado e foram os responsáveis pelas minhas duas picks erradas da semana passada. Ou seja, depois desse 8/10, o placar geral está em 17/20 picks certas. Para a semana 2, o cenário começa a complicar um pouco, com alguns confrontos bem parelhos, como BYU vs BAYLOR e KENTUCKY vs FLORIDA.
MATHEUS ORNELLAS ANALISA
Tenho a alegria e a honra de trazer para a newsletter a contribuição mais que especial de Matheus Ornellas (@Omeninoornellas) fazendo uma das coisas que ele sabe fazer melhor: analisar OL. Hoje ele vai revelar o que achou da autuação de Jaelyn Duncan, de Maryland.
A "preguiça" cara de Jaelyn Duncan!
Em uma classe inicialmente fraca de OTs, ser dominante é algo que impressiona. E dominância foi exatamente o que não vimos do Redshirt Senior de Maryland no último final de semana do College Football.
Na vitória contra Buffalo, o linha ofensiva pecou demais em muitas situações. Sua melhor jogada foi anulada por uma falta (dele mesmo) e a sensação foi de que ele "jogou sem vontade"! Ele ainda tem bastante tempo para se mostrar e se posicionar para o Draft de 2023, mas não pode se dar ao luxo de atuações assim nas próximas semanas.
GIRO DE NOTÍCIAS
Depois da derrota de LSU ontem para Florida State, quando fez apenas 2 recepções, o WR Kayshon Boutte retirou todas as referências dos Tigers do seu Instagram.
O TE Jahleel Billingsley, de Texas, está suspenso pelos próximos seis jogos, anunciou o técnico Steve Sarkisian logo após a vitória sobre Louisiana-Monroe no último sábado. O HC não revelou o motivo da suspensão, mas ela foi aplicada pela NCAA.
O QB Sam Hartman, de Wake Forest, foi liberado a treinar pelos médicos. Ele estava afastado desde 10 de agosto em razão de um coágulo no sangue e já deve jogar na próxima partida de Wake Forest no próximo sábado, contra Vanderbilt.
Clemson renovou o contrato do head coach Dabo Swinney até 2031 por US$ 115 milhões de reais. Ele ganhará US$ 10,5 milhões em 2022 e aumentará os seus ganhos anuais gradualmente até US$ 12,5 milhões no final do contrato. Ele se torna, assim, o segundo treinador mais bem pago do college, atrás apenas de Nick Saban.
Em visita a Universidade de Cincinnati, o novo comissário da Big 12, Brett Yormark, disse que gostaria de trazer para a conferência alguma universidade da costa oeste que tenha “reconhecimento nacional”. Embora não dito expressamente, tratou-se de evidente referência a alguma das escolas da Pac-12, conferência que luta pela sobrevivência após o anúncio da saída de UCLA e USC para a Big Ten.