Pac-12 em crise: há futuro para a conferência sem UCLA e USC?
Como a conferência luta pela sobrevivência em meio a cenário de profundas mudanças no esporte universitário
Olá, fã do college!
Se você tem acompanhado com alguma regularidade o noticiário sobre o college, você já deve saber que, a partir de meados do ano que vem, UCLA e USC não mais pertencerão à Pac-12. Desde que a mudança das escolas para a Big Ten foi anunciada, a conferência tem lutado pela sobrevivência e toda a sorte de boatos tem surgido sobre o destino das dez escolas remanescentes.
Considerando que o atual acordo de mídia termina no que vem, a conferência precisará costurar um novo contrato em condições que estão longe de serem ideais. Perder um mercado tão importante como Los Angeles foi um baque do qual a Pac-12 pode não se recuperar.
A atratividade da liga, ou seja, o potencial dela em atrair audiência, cairá dramaticamente com a saída das duas escolas. Por consequência, o valor do próximo contrato de televisão, uma das principais fontes de recurso das universidades, também deve despencar.
Com o risco de queda de receitas, certamente as escolas remanescentes devem estar se perguntando: vale a pena continuar unidos? Oregon e Washington não teriam um futuro melhor se também se transferissem para a Big Ten? Arizona, Arizona State, Utah e Colorado não se encaixariam melhor dentro da Big XII? É evidente que todas essas questões estão sendo discutidas pelos dirigentes de escolas e conferências nesse momento.
Especialistas estimam que as escolas do Power 2 (SEC e Big Ten) vão ganhar cerca de 30 milhões de dólares a mais do que os times das outras ligas daqui para frente. Essa é uma vantagem competitiva que terá impacto direto dentro de campo. Programas que competem a nível nacional, como Oregon e Washington, tem muito a perder se ficarem presos a uma conferência moribunda e sem futuro.
Por isso, a sobrevivência da Pac-12 dependerá em grande parte do valor do próximo contrato de televisão. É nisso que o comissário George Kliavkoff tem concentrado os seus esforços. Ele sabe que se um acordo decente for ajeitado, algum tipo de solução temporária pode ser construída e a conferência poderá sobreviver por pelo menos mais uns cinco anos.
Com o objetivo de agregar valor ao seu “produto”, Kliavkoff aparentemente está buscando incorporar novas escolas. SMU e San Diego State são apontados como possíveis alvos. Contudo, a adição dessas duas escolas nem de perto é capaz de suprir a saída dos programas de Los Angeles.
Para piorar o cenário, as empresas de streaming (que são potenciais interessadas em adquirir os direitos de transmissão) também encontram-se em um momento delicado.
A Peacock da NBCUniversal perdeu cerca de US$ 2,5 bilhões no ano e a Paramount+ da CBS também perdeu cerca de US$ 1,8 bilhão. Até mesmo a Disney tem amargado resultados ruins. A empresa revelou recentemente que perdeu mais de US$ 4 bilhões em 2022 no negócio direto ao consumidor (que inclui os serviços Disney+, ESPN+ e Hulu). O CEO Bob Iger foi categórico ao afirmar que a ESPN será mais seletiva nos direitos de transmissão que pretende adquirir.
A impressão que fica é a Pac-12 chegou tarde demais na rodada de negociação de direitos de transmissão. NFL, Big Ten, SEC e Big XII acertaram recentemente novos acordos de TV. Ou seja, Fox, CBS, ESPN e Amazon já gastaram os tubos em direitos de transmissão de esportes ao vivo e pretendem ser mais comedidos daqui para frente.
Fato é que a Pac-12, da forma como está hoje, está em desvantagem na mesa de negociações.
Segundo alguns insiders, a AppleTV+ seria uma potencial interessada em firmar uma parceria com a conferência. O problema é que, por ser um serviço de streaming com uma base de assinantes relativamente pequena, o risco de quase ninguém ter acesso aos jogos é grande. Um acordo de exclusividade com a empresa pode ser a forma mais rápida de levar a conferência, e as escolas integrantes, direto para a irrelevância.
Em um esporte cujos atletas são recrutados, e não contratados via Draft ou free agency como nos esportes profissionais, exposição é a chave para o sucesso.
Não é outro o motivo pelo qual o esporte universitário, especialmente o college football, cada vez mais caminha em direção a formação de super conferências a fim obter melhores retornos financeiros e vantagem competitiva. Essa tem sido o força motora da atual rodada de realinhamento de conferências. Esse é o motivo pelo qual SEC e Big Ten irão jogar com 16 times a partir do ano que vem.
A longo prazo, acredito que tendência é que a Pac-12 acerte uma fusão ou parceria com uma grande conferência a fim de oferecer um produto mais atraente e que renda altos índices de audiência que, no final do dia, é a única coisa que importa para as empresas de mídia.
Não importa o prisma sob qual se analisa a situação da Pac-12, em todas ela é delicada. Ainda assim, o cenário mais provável é que um acordo seja anunciado em breve em valores aproximados ao que a Big XII conseguiu meses atrás (algo em torno de US$31,7 milhões por escola). Em termos puramente financeiros, um acordo assim seria uma vitória e tanto para George Kliavkoff. Mas não afastaria, de vez, o risco de extinção a longo prazo da autoproclamada “Conferência dos Campeões”.