As surpresas e decepções da temporada do college football
Com um quarto da temporada concluído, hora de conferir quem superou e quem ficou abaixo das expectativas
Olá, fã do college!
Um terço da temporada regular do college football já foi para os registros e cá estamos para fazer um pequeno balanço do que vimos até aqui.
A maior parte dos programas se comportaram como esperávamos e não nos proporcionou tantas histórias novas: Georgia continua passeado sobre os adversários; Florida State é um candidato ao título nacional; USC continua sem sobressaltos o seu caminho até a final da Pac-12 puxado pelo talento de Caleb Williams, enquanto seu colega de conferência, Stanford, ainda tenta reencontrar o rumo sob o comando do head coach Troy Taylor.
Porém, há aqueles times que, para para o bem ou para o mal, pegaram muitos de surpresa pelo seu desempenho nesses quatro primeiros jogos do ano. É sobre eles que falaremos na newsletter de hoje.
Vou elencar a partir de agora as quatro maiores surpresas e as quatro maiores decepções da temporada. Com certeza há mais, mas vamos nos concentrar nos principais na opinião deste humilde redator.
SURPRESAS
» COLORADO
Os Buffaloes foram uma surpresa dentro e fora de campo. A contratação de Deion Sanders já entrou para a história como uma das melhores já feitas no college. Desde que entrou para a Pac-12 em 2011, Colorado teve apenas uma temporada com mais de cinco vitórias (2016) e ano passado teve o pior recorde de vitórias deste período (uma vitória, mesmo número da temporada de 2012). Por isso, independentemente do que vier a acontecer no restante da temporada é possível já cravar que a contratação de Sanders foi um bom negócio. Em campo, o time tem a fibra que não se via há muitos anos. Fora dele, é um sucesso midiático que já está trazendo retorno para a universidade. Basta observar que, pela primeira vez na história, Colorado vendeu todos os ingressos de suas partidas no Folsom Field.
» DUKE
Eu sou do tempo que os Blue Devils eram bons apenas no basquete, mas desde que Mike Elko tornou-se head coach, a escola passou a ser reconhecida também pelo seu bom time de futebol americano. Ano passado, Duke terminou a temporada com nove vitórias, melhor número desde 2014, e tem apenas uma derrota nos últimos dez jogos. Por melhor que tivesse sido o desempenho no ano passado, não esperava que o bom nível se manteria esse ano, sobretudo porque o primeiro jogo desta temporada foi contra Clemson. Mas os Blue Devils não se intimidaram e descolaram o upset logo na semana 1 e mantiveram o alto nível nas vitórias das semanas seguintes sobre Lafayette, Northwestern e UConn. A defesa é a quarta melhor do país, cedendo uma média 8,8 pontos por jogo. Uma eventual vitórias nesta semana sobre Notre Dame pode colocar o time no Top 10.
» WASHINGTON STATE
Duke e Washington State tem algumas similaridades. Assim como os Blue Devils, os Cougars também estão 4-0 na temporada (vitórias sobre Colorado State, Wisconsin, Northern Colorado e Oregon State). Assim como Mike Elko, Jake Dickert está em seu segundo ano como head coach do time. Dentre todas as estatísticas deste time, acho que impressiona mais o fato de que eles conseguiram ter o quinto melhor ataque do college (45,8 pontos por jogo de média) enfrentando duas vezes times que estavam ranqueados na AP Poll (Wisconsin e Oregon State). Muito deste feito deve ser creditado a ótima fase do QB Cameron Ward, que reforçou a fama da Pac-12 ser a conferência dos quarterbacks fora da curva nesta temporada. No ano, Ward está com 1.389 jardas de passe (terceiro melhor do país) e 13 touchdowns lançados (quarto melhor). Nada mal para um time deixado de lado do rolê do realinhamento de conferências.
» FRESNO STATE
Depois de Georgia, Fresno State é o time com maior sequência de vitórias consecutivas do college football (13 vitórias) e, atualmente, é o único membro da Group of 5 ranqueado no Top 25. Jeff Tedford, que, curiosamente, também está em seu segundo ano como head coach, assumiu os Bulldogs assim que Kalen DeBoer saiu para comandar Washington. Em 2023, eles tem sido um visitante ingrato. Venceram dois oponentes da Power 5 fora de casa, Purdue e Arizona State. Considerando que, no papel, estes eram os dois jogos mais difíceis do seu calendário, não são desprezíveis as chances deles terminarem o ano invicto.
DECEPÇÕES
» CLEMSON
As desconfianças do torcedor de Clemson com o trabalho conduzido pelo head coach Dabo Sweeney não são de hoje. Os Tigers tiveram também um decepcionante início na temporada 2021, mas o time havia reencontrado o seu caminho e engatado uma sequência de 14 vitórias, que foi interrompida pela derrota para Notre Dame em novembro passado. Ainda assim, eles terminaram o ano com o bom recorde de 11-3. Por isso, não era possível prever que Clemson chegaria na semana 5 já com duas derrotas na bagagem e praticamente eliminado da corrida pelo título da ACC. Os motivos para a decaída do time são vários, mas eu destaco um problema extracampo que tem sido determinante para a existência dessa má-fase: a teimosia de Sweeney de não trabalhar com o portal de transferências. Sim, o head coach não gosta do portal e utilizou-se dele pouquíssimas vezes. No atual momento do college football, difícil manter um time competitivo seguindo essa filosofia.
» MICHIGAN STATE
Os Spartans é outra equipe que já viu dias melhores. Desde a fatídica temporada 2021, quando, puxados pelo talento do RB Kenneth Walker III, eles terminaram a temporada com 11 vitórias, nada mais foi o mesmo. O início da má-fase da equipe quase coincidiu com o anúncio da renovação do contrato de Mel Tucker, tornando-o um dos head coachs mais bem pagos do college football, movimento que, olhando em retrospecto, foi um desastre para o time. Michigan State acaba de anunciar a demissão do técnico por supostamente ter assediando uma profissional a serviço da escola. Desde que o escândalo foi divulgado e passou a ser comandado pelo técnico interino Harlon Barnett, o time tem duas derrotas e nenhuma vitória, marcando apenas 16 pontos enquanto sofreu 72. Será uma temporada bem longa para o torcedor dos Spartans.
» OKLAHOMA STATE
Os Cowboys é um dos programas mais estáveis do college football. Mike Gundy comanda a equipe desde 2005, que, coincidentemente, foi o último ano que eles não disputaram um bowl. Desde então, o time não teve uma temporada com menos de sete vitórias. Porém, o time já tem duas derrotas no ano e elas foram contra dois dos adversários mais frágeis do seu calendário (South Alabama e Iowa State). Ter utilizado um rodízio de quarterbacks até a semana 3 não foi uma das decisões mais acertadas de Gundy em sua carreira. Na derrota para os Cyclones, Alan Bowman ficou em campo o jogo todo, mas, claramente, há um problema de entrosamento com o restante do ataque. O WR Brennan Presley fez apenas duas recepções para nove jardas neste jogo, o que é inaceitável para um jogador do seu calibre. A impressão que dá é que os Cowboys ainda estão em clima de pré-temporada.
» IOWA
Quem me acompanha mais de perto deve pensar que eu amo criticar os Hawkeyes. Mas isso não é verdade. Não tenho nada contra eles. O que acontece é que eles me dão motivos para criticá-los quase todas as semanas. E não estou sozinho nessa. A internet ama acompanhar a escalada do ataque de Iowa até o 325 pontos, que é a meta do ano necessária para que a escola renove o contrato do OC Brian Ferentz. E Deus sabe como não será fácil. Ano passado, todo o college football acompanhou o drama do ataque dos Hawekeys, que teve o segundo pior ataque da FBS em jardas conquistadas. Não esperava que o time passaria pelo mesmo drama este ano, especialmente depois da chegada do QB Cade McNamara. Mas aqui estamos nós, uma semana depois de Iowa passar zerado por Penn State. Para a sorte da equipe, Iowa enfrenta neste sábado Michigan State, que encontra-se em uma situação bem mais delicada. Hora de garantir a renovação de Ferentz!
PREVIEWS DA SEMANA
#10 UTAH at #19 OREGON STATE (Sexta, 22:00) | No último sábado, os Beavers sucumbiram ao alto poder de fogo dos Cougars, que teve seu QB Cameron Ward lançando para mais de 400 jardas. Felizmente para Oregon State, Utah não tem esse tipo de arma ofensiva. Mesmo que Cam Rising faça sua estreia na temporada neste sábado, não há garantias de que ele estará jogando em alto nível. Por isso, os Utes confiam que sua defesa continue a infernizar a vida dos adversários, como aconteceu com Graham Mertz, Blake Shapen e Dante Moore.
#8 USC at COLORADO (Sábado, 13:00) | Vai ser interessante acompanhar Colorado depois da sova recebida na semana passada. Ao contrário de Oregon, que tem uma das melhores defesas do pais, USC ainda carece de certa habilidade defensiva. Se não fosse pela defesa, os Trojans teriam se classificado para o College Football Playoff. Até agora, não há prova de que a defesa tenha se recomposto, já que os seus adversários na temporada até aqui (San Jose State, Nevada, Stanford e Arizona State) são todos muito piores que Colorado. Por isso, acredito que USC não terá o mesmo sucesso que Oregon teve em parar o ataque de Shedeur Sanders. Um tiroteio não está descartado aqui.
#24 KANSAS at #3 TEXAS (Sábado, 16:30, STAR+) | Este é um confronto que mora de pantufas no meu coração desde daquele maravilhoso 57 a 56 de 2021, quando uma conversão de dois pontos convertida na prorrogação deu a vitória para os Jayhawks em pleno Memorial Stadium. O palco do jogo deste ano é o mesmo e Kansas só melhorou desde então. Assim como Texas. Embora um upset não esteja totalmente descartado, os Longhorns são amplamente favoritos, já que eles estão bem acima em nível de qualidade dos melhores oponentes dos Jayhawks até aqui (Illinois e BYU).
#13 LSU at #20 OLE MISS (Sábado, 19:00, ESPN 3) | Embate entre dois times que tem jogado abaixo do esperado. No sábado passado, os Tigers por pouco não perderam para Arkansas em casa. Eles ocupam a nada prestigiosa 101ª posição de defesa menos vazada. Mas as coisas não estão melhores em Ole Miss. As expectativas para o seu ataque, com o QB Jaxson Dart e o RB Quinshon Judkins eram as melhores possíveis. Porém, Judkins parece ainda atuar limitado por lesões e atrás de uma linha ofensiva pouco dominante. Sua média, que era de 5,7 jardas por tentativa caiu para 3,5. Em razão disso tudo, acredito que LSU vs Ole Miss será um confronto apertado, tendo os Rebels uma leve vantagem por jogar em casa.
#11 NOTRE DAME at #17 DUKE (Sábado, 20:30) | Uma derrota para Ohio State é algo natural. Porém, o head coach Marcus Freeman saiu bastante criticado em razão da defesa dos Fighting Irish terem jogado com apenas 10 jogadores nas últimas duas jogadas da partida, que resultou no TD da vitória dos Buckeyes. Uma derrota para Duke neste sábado seria um desastre para ele. Os Blue Devils, por sua vez, vivem uma ótima fase graças ao trabalho que Mike Elko conduz desde o ano passado. Duke derrotou os seus primeiros quatro adversários por uma média de 28,5 pontos, e a defesa permitiu apenas 8,8 pontos por jogo. Porém eles nunca enfrentaram uma dupla como Sam Hartman e Audric Estime. Embora um upset não esteja totalmente descartado, a tendência que Notre Dame saia de Durham com a vitória.
Confira abaixo o que nos espera neste sábado de college football!
Lembrando que a programação do Star+ é uma bagunça, então é possível que as transmissões e o número de partidas transmitidas mudem até a tarde de sábado.
GIRO DO COLLEGE
» COLLEGE FOOTBALL
■ Os dirigentes do College Football Playoff não farão qualquer no formato do torneio de 12 times até o ano que vem. A expectativa até lá é que a situação da Pac-12 esteja definida por completo. Com o desmantelamento da conferência, há uma pressão das demais ligas para alterar o atual formato de 6+6 para 5+7, onde apenas os cinco campeões de conferência melhor ranqueados se classificam. (ESPN)
■ Haley Van Voorhis se tornou a primeira mulher não-kicker a participar de uma partida de futebol americano da NCAA. Haley, que é safety de Shenandoah University, da Division III, participou de uma jogada e ajudou seu time a forçar um three-and-out ao pressionar o quarterback adversário. (ESPN)
■ Travis Hunter tem pressa para voltar aos treinamentos depois da derrota de Colorado para Oregon. Logo após a partida de sábado, o WR/CB mandou uma mensagem para o head coach Deion Sanders pedindo para jogar contra USC no sábado. Sanders negou o pedido. Hunter sofreu uma laceração do fígado no jogo contra Colorado State e deve ficar de fora por pelo menos duas semanas. (theScore)
■ O QB Tyler Shough, de Texas Tech, deverá ser submetido hoje a cirurgia para reparar uma fratura na fíbula esquerda sofrida na derrota do último sábado para West Virginia. Ele deve ficar de fora de toda a temporada regular. Behren Morton deve substitui-lo. (ESPN)
■ O TE Michael Trigg deixou o time de Ole Miss, confirmou nesta semana o head coach Lane Kiffin. Não foi divulgado o motivo de sua saída. Trigg começou sua carreira universitária em USC. Se transferiu para os Rebels em 2021, onfe disputou 10 partidas, acumulando 21 recepções para 221 jardas e quatro touchdowns. Em três jogos na atual temporada, foram quatro recepções para 65 jardas e um TD. (The Washington Times)
■ Texas A&M conseguiu uma grande vitória no recrutamento nesta quinta-feira com a notícia de que Terry Bussey, jogador que se alinha tanto com WR quanto como DB, se comprometeu com o programa. Bussey é o 25° melhor jogador do ESPN 300 da classe de 2024. (ESPN)
■ Nebraska revelou na quinta-feira o plano de revitalização do Memorial Stadium. As obras, orçadas em US$ 450 milhões, devem iniciar em fevereiro do ano que vem, com previsão de conclusão até 2026.
» COLLEGE BASKETBALL
■ A NCAA divulgou mais detalhes do WNIT, novo torneio de pós-temporada do basquete feminino, que será disputado entre 21/mar e 3/abril. As três primeiras rodadas serão jogadas na casa do time melhor ranqueado. Os jogos semifinais e finais serão disputados nos dias no Hinkle Fieldhouse, arena de Butler, em Indianapolis. (NCAA)
■ Bronny James, filho dos astro LeBron James, não participou do primeiro treino de pré-temporada de USC. Em julho, James, que é um freshman, foi hospitalizado após sofrer uma parada cardíaca durante um treino. Ele teve alta dias depois. Segundo o técnico Andy Enfield nesta semana, ele está “indo bem”, sem dar maiores informações sobre sua situação médica. "Ele está indo para a aula e indo muito bem, e estamos muito entusiasmados por ele.”, concluiu Enfield. (The Athletic)
■ O pivô Aiden Sherrell tornou-se nesta semana o primeiro jogador a se comprometer com a classe de 2024 de Alabama. Jogador nº 22 da classe segundo 247Sports, Sherrell é o quinto melhor recruta de todos os tempos da história do programa de basquete de Alabama. (The Athletic)
» COLLEGE SPORTS
■ Está em um estágio avançado as negociações para que Army se junte a AAC a partir de 2024. Se o acordo se concretizar, Army, que joga como independente no futebol americano desde que deixou a Conference USA em 2004, ingressaria na AAC como 14º membro e apenas no football. (Yahoo Sports)