As maiores surpresas e decepções da temporada do college football
Confira também: jogos entre times invictos são os destaques da semana 7 do CFB
Olá, fã do college!
Passou voando, mas chegamos à metade da temporada do regular do college football. Bom momento para olharmos para tudo aquilo que rolou nas últimas seis semanas e avaliarmos o que está indo bem e o que não está. Por ser uma liga tão grande (só a FBS conta atualmente com 131 times), é quase impossível eu falar sobre todos aqui. Mas dá para indicar as maiores surpresas e decepções do ano até o momento.
Não vai dar para discorrer sobre algumas coisas legais, como a temporada invicta (até aqui) de TCU, ou das temporadas invictas de Tennessee (6-0) ou Illinois (5-1). Infelizmente, também não discorrerei pormenorizadamente sobre o decepcionante início de trabalho de Mario Cristobal em Miami ou sobre a abrupta queda de Wisconsin, que acarretou na demissão do antes estável head coach Paul Christy. Ficam então aqui indicados como menções honrosas (ou nem tanto) à lista que farei a seguir.
SURPRESAS
1. Kansas Jayhawks
Embora tenham sofrido sua primeira derrota no último sábado, é inegável que Kansas tem protagonizado uma das maiores histórias de superação da temporada. Por muitos anos (muitos mesmo), os Jayhawks foram os sacos de pancada do college football. As cinco vitórias deste ano já são o melhor recorde do programa desde a 2008. E ainda temos mais seis jogos pela frente! Infelizmente, as perspectivas para o time caíram após a lesão do QB Jalon Daniels, que não deve retornar a campo este ano. Jason Bean o substituiu muito bem na partida contra TCU, o que traz certa esperança para o coração do torcedor de Kansas, que ainda sonha com uma temporada histórica.
2. Syracuse Orange
O time de Syracuse é bom? Para mim, esse é um dos grandes mistérios da temporada. Olhando para suas cinco vitórias e zero derrotas, é fácil dizer que sim. O teste de olho do que acontece em campo, porém, levanta algumas dúvidas. A exceção de Purdue, todas as vitórias na temporada se deram sobre time, no máximo, medíocres (Louisville, UConn, Purdue, Virginia, Wagner). Mas para um programa que desde 2018 não sabe o que é jogar um bowl, inegável que é um começo surpreendente. O QB Garrett Shrader tem se apresentado bem, completando 70,9% dos seus passes para 10 touchdowns e apenas uma interceptação. O RB Sean Tucker continua ótimo, como esperado, causando impacto tanto no jogo terrestre quanto no aéreo. Ele tem uma média de 109,2 jardas corridas por jogo e de 36,8 jardas de recepção por jogo (segundo maior média do time).
3. James Madison Dukes
Se alguém te disser que previu que os Dukes começariam a temporada com um 5-0 e ranqueada no Top 25 da Associated Press, pode ter certeza que ele está mentindo. JMU começou a ser olhado de forma diferente por todos depois da vitória fora de casa sobre Appalachian State, que havia recentemente vencido Texas A&M em pleno Kyle Field. Seria então os Dukes melhores que os Aggies? Pergunta bastante válida se pensarmos como seria um confronto direto. Enquanto que os Aggies sofrem ofensivamente, JMU tem o sexto melhor ataque da FBS em pontos por jogo (44,2 pontos por jogo). Além disso, tem a 14ª melhor defesa em pontos cedidos, com uma média de 15 pontos por jogo. Não é pouca coisa para um time que até o ano passado estava na FCS e subiu quase que de surpresa em meio ao inesperado caos do realinhamento de conferências causado pela saída de Texas e Oklahoma da Big 12.
DECEPÇÕES
1. Texas A&M Aggies
Aproveitando a deixa do parágrafo anterior, eu considero decepcionante a temporada de Texas A&M até o aqui, especialmente diante da alta expectativa construída na pré-temporada. A passagem do técnico Jimbo Fisher como um todo decepciona para ser sincero. Desde que chegou em College Station em 2018, sua melhor temporada foi a atípica temporada de 2020, impactada fortemente pela pandemia da COVID-19, com nove vitórias. Ano passado, foram quatro derrotas. Esse ano, já são três. E ainda estamos na metade da temporada. Jimbo Fisher, que ficou conhecido por montar ataques dinâmicos e desenvolver QBs, não tem tido sucesso esse ano em montar um ataque decente. Em quatro jogos contra equipes da FBS, o ataque do Texas A&M só marcou mais de 17 pontos apenas uma vez (um touchdown no garbage-time na derrota para Mississippi State fez o placar ficar 42-24). Decepção define.
2. Iowa Hawkeyes
É impossível falar de ataques ruins sem lembrar de Iowa. Fiquei na dúvida se os colocaria dentre as surpresas da temporada, pois é incrível como o ataque do ano passado conseguir ficar pior do que já era. A linha ofensiva de Iowa de alguma forma está jogando ainda pior do que em 2021. Seja para bloquear corridas, bloquear passes ou evitar falta, a linha ofensiva tem sido deficiente. Por essa razão, o time ocupa o último lugar na Big Ten em jardas corridas por carregada (2,62) e por jogo (82,17). Nacionalmente, tem o quinto pior ataque em pontos por jogo (14,7), a segunda pior media de jardas por jogada (4,09) e a PIOR média de jardas de ataque por jogo (238,8). Inacreditável como Brian Ferentz ainda mantém seu cargo de coordenador ofensivo.
3. Oklahoma
O primeiro ano de um técnico em um novo time não é fácil, especialmente se ele também significar a primeira experiência dele como head coach. Por isso, era esperado que o primeiro ano de Brent Venables (por décadas, um dos melhores coordenadores defensivos do college) como head coach seria desafiadora. Mas é uma surpresa que sua defesa esteja sendo subjugada de forma tão imponente como tem sido. Se considerarmos os últimos três jogos (contra Kansas State, TCU e Texas), Oklahoma cedeu uma média de 48,3 pontos por jogo. Na temporada, tem a 15ª pior média de jardas cedidas por jogo (450,0). Esse desempenho ainda não é o suficiente para ameaçar a permanência de Vanables no programa, mas definitivamente tira da cabeça do torcedor dos Sooners a ideia, muito difundida após a saída de Lincoln Riley, que head coach em Norman é tipo plug-and-play, ou seja, de que o programa é tão bom que qualquer treinador conseguiria imediato sucesso por lá.
COLLEGE FOOTBALL
PRÉVIAS DA SEMANA 7
Apesar de muitos times estarem na bye week, essa semana está especialmente recheada de duelos pesados. Serão nada menos que seis jogos entre times ranqueados no Top 25 da Associated Press. Tratarei brevemente sobre todos eles aqui.
#10 PENN STATE at #5 MICHIGAN (sábado, 13:00) | A partida contra os Wolverines é o primeiro de uma sequência indigesta para Penn State, que encara Minnesota e Ohio State na sequência. Menos mal que esteja vindo de uma bye week, que sempre é boa para corrigir erros e descansar os jogadores. Michigan tem equilibrado bem o jogo terrestre e o jogo aéreo, se beneficiando das ótimas atuações do QB J.J. McCarthy e do RB Blake Corum (11 TD’s corridos no ano, segundo maior número da FBS). Por outro lado, PSU tem colocado em campo uma sólida defesa, especialmente eficaz contra o jogo corrido. Vai ser um matchup interessante de acompanhar.
#8 OKLAHOMA STATE at #13 TCU (sábado, 16:30, Star+) | Esse é outro duelo de times invictos. A chance deles se encontrarem novamente na final da Big 12 são grandes. TCU está em meio a uma sequência de jogos dura. Há duas semanas, enfrentou Oklahoma; semana passada, Kansas; e semana que vem, pegará Kansas State, outro time que se encontra em ótima fase. Contudo, acredito que TCU é favorito para passar invicto por essa sequência, inclusive vencendo os Oklahoma State nesse sábado. O matchup é bastante desfavorável para os Cowboys. Enquanto que eles cedem uma média de 421,4 jardas por jogo (nº 104º da FBS), os Horned Frogs possuem uma média de 530 jardas de ataque por jogo (terceira melhor da FBS). Por isso, aposto num upset aqui.
#3 ALABAMA at #6 TENNESSEE (sábado, 16:30) | O melhor jogo da semana 7. Alabama vs Tennessee costumava ser um dos grandes jogos do college football décadas atrás, mas a decadência dos Volunteers ao longo dos últimos anos relegou o duelo para um status de jogo comum. Embora Tennesse tenha a melhor a maior chance em mais de uma década de vencer Alabama (o que nunca aconteceu desde que Nick Saban assumiu o time), eles não são os favoritos para vencer. Bryce Young deve retornar a Crimson Tide o que provavelmente vai evitar que a Crimson Tide passe pelo mesmo sufoco do jogo de semana passada contra Texas A&M. Se, porém, Tennesse achar algum jeito de vencer esse jogo, eles automaticamente se tornarão um dos favoritos para vencer o título nacional em janeiro.
#15 NC STATE at #18 SYRACUSE (sábado, 16:30, Star+) | Quem diria que Syracuse chegaria com um ligeiro favoritismo sobre NC State segundo as casas de apostas? A derrota de NC State para Clemson no mês passado tirou um pouco o time da disputa pela ACC Atlantic. A sua frente está Clemson e…. Syracuse! A Orange já acumula duas vitórias dentro da conferência e uma vitória nesse sábado faria do duelo com Clemson na próxima semana um jogaço de grandes implicações, não só na conferência, como na corrida para o título nacional. NC State provavelmente chegará para o jogo desfalcado do seu principal jogador. O QB Devin Leary machucou o ombro na semana passada contra Florida State. Syracuse, por sua vez, irá contar com a dupla Garrett Shrader e Sean Tucker para incendiar a sua torcida no “Dome”.
#16 MISSISSIPPI STATE at #22 KENTUCKY (sábado, 20:30, Star+) | Bulldogs e Wildcats vivem momentos inversos na temporada. Enquanto que MSU vem de três vitórias seguidas, inclusive sobre Texas A&M e Arkansas, KU vem de duas derrotas seguidas (Ole Miss e South Carolina). O bom momento de Mississippi State se deve à boa temporada do QB Will Rodgers, que se adaptou muito bem ao playbook do técnico Mike Leach. Rodgers é o atual líder da FBS em jardas aéreas totais. Já a má fase de Kentucky se dá boa parte em razão da lesão no pé do QB Will Levis. Sua participação no jogo desse sábado ainda não está definida. No entanto, a defesa de Kentucky tem sido consistentemente boa nesta temporada e devem conter bem Will Rodgers.
#7 USC at #20 UTAH (sábado, 21:00) | Pela primeira vez no ano, USC saberá o que é entrar em campo sem ser amplamente favorito. Mas o ligeiro favoritismo dos Utes basicamente se dá pelo fato da partida ser em Salt Lake City. Para eles manterem as esperanças no bicampeonato da Pac-12 é essencial que eles vençam os Trojans. Por outro lado, se os Trojans vencerem os Utes, UCLA será o único time que pode ficar no caminho deles até a final da conferência, já que ele devem ser fraco favoritos em praticamente todos os jogos restantes.