Alerta vermelho em Alabama
A derrota para Texas acendeu um alerta em Alabama de que esta temporada pode ser bastante diferente das demais
Olá, fã do college!
Como vocês devem saber, no sábado passado, Texas alcançou um feito raro no college football: derrotar Alabama em Tuscaloosa. E não foi uma vitória apertada, decidida nos últimos segundos, como foi a vitória de Tennessee sobre a Crimson Tide no ano passado, graças a um fied goal convertido no estouro do relógio. Não, Texas dominou Alabama de um jeito que poucas vezes vi antes.
O jogo começou da mesma forma que outros jogos de Alabama contra times fortes. Muito equilíbrio até meados do terceiro quarto. Embora fosse nítido que Alabama apresentava mais problemas do que o comum, havia uma confiança generalizada que aquilo já tinha sido antecipado pelo velho Nick Saban. Afinal, todos nós já tínhamos visto aquele filme antes.
Mas os sinais de que aquele jogo não seguiria o roteiro esperado estavam lá. A linha defensiva de Texas sobrepujava a DL de Alabama em quase todos os snaps. O QB Jalen Milroe não conseguir fazer um passe sem estar pressionado. Quantas vezes ele precisou sair do pocket e tentar ganhar jardas com as pernas ou lançar uma bola em movimento?
Quando essa jogada desesperada resultou em um TD maravilhoso, a jogada foi anulada por causa de uma falta ofensiva. Faltas, aliás, que proliferaram no lado de Alabama, a exemplo do que foi o jogo do ano passado em Austin.
A vitória de Texas colocou um grande sinal de interrogação nas costas desse time de Alabama.
Essa não foi uma simples derrota. A Crimson Tide realmente não jogou bem. E isso é o que mais choca. E é chocante também se dar conta que você está tendo essa reação. Afinal, todo time tem seus altos e baixos. É de se esperar que, num trabalho de 17 temporadas, um head coach coloque em campo um time de talento duvidoso.
A questão é que Alabama sempre nos mostrou que essa realidade não servia para eles. De alguma forma, Saban sempre conseguia dar um jeito de se cercar dos melhores jogadores e assistentes do país e evitar situações como essa.
Não é incomum um mesmo programa figure todos os anos nas primeiras posições das melhores classes de recrutamento. Michigan e Texas sempre montam boas classes de recrutamento, mas nem por isso vencem 10 partidas todos os anos. O incrível de Alabama é ver que quase todos os jogadores recrutados, de fato, corresponderem a expectativa em campo. Ano após ano.
E então, o que mudou esse ano? Ou melhor, realmente algo mudou esse ano?
Que algo está diferente pelos lado de Tuscaloosa é inegável. Começando pela posição de quarterback.
Até segundos antes da partida, Nick Saban não queria confirmar quem seria o seu QB1 para o jogo de estreia. Ele sequer quis escolher um nome para colocar no depth chart divulgado antes da partida. Preferiu colocar todos os seus três QBs: “Jalen Milroe or Ty Simpson or Tyler Buchner”. A justificativa de Saban para o expediente foi de que ele não queria causar uma distração no vestiário.
Se tem um técnico que não está preocupado em ferir o ego de seus jogadores em razão de suas escolhas, esse é técnico é Nick Saban. Ele não nomeou um QB antes porque ele percebeu que não tem nenhum talento fora da curva à disposição. Para quem passou os últimos anos com jogadores do calibre de Mac Jones, Jalen Hurts, Tua Tagovailoa e Bryce Young, as opções do atual elenco realmente devem frutrar.
E aqui volto ao ponto que eu coloquei antes: não é normal um time ter como QB1 (ou QB2 ou QB3) potenciais concorrentes do Heisman Thophy. Mas era essa a realidade em Alabama. E não é mais em 2023. É plenamente natural um time se deparar com a situação em que os jogadores não se encaixam no seu esquema de jogo ou que ele não corresponda em campo ao esperado. Isso vale para todas as posições.
O que impressiona é o fato do torcedor de Alabama ter passado tanto tempo sem experimentar essa situação.
A Crimson Tide de 2023 apresenta uma outra característica diferente dos times dos anos anteriores: a qualidade da comissão técnica. Obviamente, não estou me referindo a Nick Saban. Ele ainda é o GOAT dos técnicos do college football.
Refiro-me aos seus coordenadores. Veja essa lista: Kirby Smart, Mario Cristobal, Dan Lanning, Lane Kiffin, Billy Napier, Mel Tucker e Bill O’Brien. Todos esses caras já foram coordenadores de Saban em algum momento. Alguns deles, ao mesmo tempo.
Esse ano, tanto Tommy Rees (coordenador ofensivo), quanto Kevin Steele (coordenador defensivo), estão em seu primeiro ano no programa. Rees tem apenas 31 anos e uma experiência muito limitada em posições de comando. Embora Steele seja um veterano com 43 anos de experiência no college, com passagens por LSU, Auburn e Tennessee, ele nunca deu um salto significativo na carreira como alguns de seus colegas.
Tudo isso que escrevi convergiu para o que vimos no sábado: um time que não é muito bom tanto atacando, quanto defendendo. E acredito que muito dos problemas que vimos contra Texas não começaram este ano. O que acontecia era que o brilhantismo de Bryce Young ofuscava a maioria deles. Sem o brilho QB de Heisman, as sombras de Alabama ficaram mais nítidas.
Esse texto não é um “acabou a dinastia” de Alabama. A derrota para Texas não define como será a sua temporada. Mas o que será feito a partir de agora, vai. Em sua 17ª temporada na equipe, Saban tem pela frente um tipo muito diferente de problema para resolver.
PRÉVIAS DA SEMANA
#11 TENNESSE at FLORIDA (Sábado, 20h, ESPN 3 / Star+) | Em um sábado sem grandes confrontos (aguarde os da semana que vem!), este Volunteers vs Gators é o que mais chama a atenção. Será uma boa chance de ver se Tennessee será um contender dentro da SEC esse ano. Sábado passado, Austin Peay manteve o jogo parelho por tempo demais, levantando alguma dúvidas sobre este time. Por mais que os Gators estejam longe de sua melhor fase, o jogo é em Gainesville, num dos estádio mais hostis do college para o time visitante. Uma vitória dos Gators significaria uma passagem certa para o Top 25. Palpite: Tennessee.
SOUTH CAROLONA at #1 GEORGIA (Sábado, 16h30) | Outro confronto da SEC que merece a atenção do fã do college. Esse será o primeiro desafio dos Bulldogs na temporada depois de duas semanas enfrentando cupcakes (Tennesse-Martin e Ball State). Mas não é um desafio tão grande assim. South Carolina decepcionou na derrota contra North Carolina ao sequer fazer um jogo disputado contra o rival ao norte. Contra Furman também não foi bonito, tendo a defesa cedido 21 pontos para um ataque da FCS. O head coach Shane Beamer precisa reencontrar o “molho” desse time, que venceu muitos jogos grandes na temporada passada, especialmente contra Texas A&M, Tennesse e Clemson. Ah, ano passado os Bulldogs venceram os Gamecocks por 48 a 7, então… Palpite: Georgia.
#8 WASHIGNTON at MICHIGAN STATE (Sábado, 18h) | Esse jogo ganhou um componente especial (e indesejado) de interesse depois que Mel Tucker foi suspenso do comando dos Spartans sob a alegação de que teria cometido assédio sexual contra uma profissional a serviço da escola. Será que Michigan State vai se portar diferente logo no jogo 1 sob uma nova e improvisada comissão técnica? A favor dos Spartans talvez esteja apenas o fato do jogo ser em casa. No mais, a situação está bem desfavorável. Washington ainda é aquele mesmo time que vimos voar na temporada passada. Talvez até um pouco melhor. Michael Penix Jr. continua lançando para um caminhão de jardas e os recebedores continuam confiáveis e sedentos por big plays. Palpite: Washington.
#14 LSU at MISSISSIPPI STATE (Sábado, 13h) | Os tempos de Mike Leach realmente passaram nos Bulldogs. No último sábado, contra Arizona, Mississippi State correu 39 vezes, enquanto que Will Rogers tentou apenas 17 passes o jogo todo. Números impensáveis para esse time um ano atrás. Para efeito de comparação, Rogers teve no ano passado uma média 43,5 tentativas de passe por jogo, mas até agora, nos dois jogos desse ano, ele teve apenas 46 tentativas. O head coach Zach Arnett tem sua própria filosofia de jogo e nela inclui utilizar o máximo do RB Jo’Quavious Marks, que acumulou 250 jardas terrestres nos dois jogos deste ano. Porém, LSU tem uma boa defesa contra corrida (lembre-se que Florida State queimou a defesa dos Tigers pelo ar) e a dupla ameaça de Jayden Daniels pode ser um problema para a defesa dos Bulldogs. Palpite: LSU.
PITTSBURGH at WEST VIRGINIA (Sábado, 20h30) | É o Backyard Brawl, minha gente! Não vimos muito essa rivalidade em campo na última década, mas fico feliz que Pitt e West Virginia estejam dispostos a ressuscitar esse centenário confronto. Se você gosta de ver a torcida dando um show a parte nas arquibancadas, recomendo assistir esse jogo. Não torço para os Mountaineers, mas adoraria ver a torcida cantar “Take me home, Country Roads” ao final do jogo. É uma daquelas tradições que nos fazem perceber o porquê do college football ser tão especial. E há uma chance real disso acontecer, Pittsburgh não jogou bem na derrota para Cincinnati por 27-21 no último sábado. O QB Phil Jurkovec sofreu atrás de uma frágil linha defensiva, fazendo com que ele completasse apenas 10 passes durante todo o jogo. Palpite: West Virginia.
COLORADO STATE at #18 COLORADO (Sábado, 23h) | Essa é uma rivalidade um tanto caída nos últimos anos, mas que agora terá ampla cobertura da mídia graças ao fenômeno Deion Sanders que está varrendo o college football. Basta observar que os dois principais pregame shows do EUA, College Gameday da ESPN e Big Noon Kickoff da Fox, estarão em Boulder para a cobertura desta partida. Do lado dos Buffaloes, espere ver tudo aquilo que vimos nas duas primeiras semanas da temporada: muitos passes de Shedeur Sanders e ficar com a impressão que Travis Hunter participou de todos os snaps do jogo. É do lado de Colorado State que pode surgir alguma surpresa. Embora seja zebra absoluta, o seu ataque se comportou um pouco melhor quando o quarterback freshman Brayden Fowler-Nicolosi substitiu o então titular Clay Millen durante a estreia da temporada contra Washington State. O head coach Jay Norvell já confirmou que Fowler-Nicolosi será seu QB1. Espero que a mudança torne o jogo mais parelho, pois a expectativa é que seja uma lavada. Palpite: Colorado.
Confira abaixo o que nos espera neste sabadão de college football!
GIRO DO COLLEGE
COLLEGE FOOTBALL
■ Mel Tucker foi suspenso sem pagamentos do cargo de head coach Michigan State. A decisão, anunciada no último domingo, aconteceu depois que a imprensa revelou que a universidade conduz uma investigação interna para averiguar uma denúncia de assédio sexual cometida pelo técnico contra uma profissional que prestou serviços à universidade. Uma decisão final sobre sua demissão não deve ser tomada até a conclusão da investigação. O técnico de secundária dos Spartans, Harlon Barnett, assumirá a equipe interinamente. Mark Dantonio, que foi head coach entre 2007 e 2019 será seu assistente. (ESPN)
■ O QB John Rhys Plumlee lesionou a perna e vai desfalcar UCF por algumas semanas, revelou Gus Malzahn. O técnico não detalhou a lesão, mas disse que não requer cirurgia. A lesão ocorreu no jogo contra Boise State, durante o slide de Plumlee que finalizou uma corrida de 8 jardas e posicionou a bola para o field goal da vitória dos Knights. (ESPN)
■ Lincoln Riley, head coach de USC, revelou que houve várias tentativas de invasão em sua casa em Oklahoma depois que ele anunciou que iria assunir comando dos Trojans, em novembro de 2021. A revelação de Riley não chega a ser surpreendente, considerando que o anúncio de que deixaria Oklahoma pegou o mundo do college de surpresa e causou e causou a fúria do torcedor dos Sooners. (theScore)
■ A Gulf South Conference, uma conferência da Divisão II, suspendeu seis jogadores da Chowan University após uma briga violenta e generalizada ocorrida após a vitória de Delta State por 42-18 sobre o Hawks no sábado em Murfreesboro, N.C. A conferência não identificou os jogadores suspensos pelo nome. Veja o vídeo da confusão aqui. (Sports Illustrated)
■ DeSanto Rollins, DT de Ole Miss, entrou com uma ação judicial contra a universidade e o técnico Lane Kiffin, alegando que foi expulso do time de futebol por faltar aos treinos e reuniões durante uma crise de saúde mental. Rollins também alega que existe uma prática discriminatória dentro da escola, ao não punir outros atletas pelos mesmos motivos Segundo um porta-voz de Ole Miss, DeSanto nunca foi afastado e continua sendo bolsista. Lane Kiffin não quis comentar o assunto. (ESPN)
COLLEGE SPORTS
■ Em audiência realizada na segunda-feira, um juiz de Washington concedeu medida cautelar pedida por Oregon State e Washington State para impedir que o Conselho de Diretores da Pac-12 se reunisse. Na semana passada, as duas universidades remanescentes da Pac-12 entraram com um processo contra a conferência e seu comissário, George Kliavkoff, com o objetivo de assumir o controle da conferência. As escolas alegam que as demais escolas perderam assento na direção da conferência no momento que anunciaram a sua saída dela. (The Athletic)
■ Oregon State e Washington State acreditam que o comissário George Kliavkoff e as dez escolas que querem dissolver a conferência e realizar a divisão do seu espólio, inclusive dos milhões de dólares que a conferência ainda tem para receber da NCAA e do College Football Playoff. Ambas as escolas disseram que ainda exploraram maneiras de reconstruir a Pac-12, por isso tem o direito de manter a marca. (The Athletic)
■ Jogadores do basquete masculino de Dartmouth College entrou com um pedido de sindicalização. Este não é a primeira tentativa de formação de um sindicato de atletas universitários. Em 2015, os jogadores de futebol americano Northwestern entraram com um pedido criação de um sindicato, mas o caso acabou sendo arquivado. (The Athletic)