A hora e a vez do basquete feminino
Impulsionada por uma geração de jogadoras talentosas, o basquete feminino universitário vive grande fase
Olá, fã do college!
Tal qual como no masculino, o basquete feminino estreia a sua nova temporada na próxima segunda-feira sob um momento muito especial em sua história. Nunca o interesse sobre o esporte foi tão grande. Basta ver os números de audiência alcançados durante o último March Madness.
A última final nacional disputado por LSU e Iowa foi assistida por um público médio de 9,9 milhões de pessoas, recorde absoluto no basquete feminino universitário. Essa é uma audiência maior que todos os jogos dos playoffs da NBA (exceto as finais) de 2022, ou que todos os jogos da MLB (exceto World Series) do mesmo ano, ou, ainda, mais do que todos os jogos da NHL dos últimos 50 anos (Stanley Cup inclusive).
Ainda sinalizando a boa fase que o esporte atravessa, no mês passado, a partida entre Iowa e DePaul atraiu um público de 55.646 pessoas no Kinnick Stadium, quebrando o recorde mundial de público do basquete feminino.
Uma das razões para esse crescente interesse é que poucas vezes antes tantas jogadoras espetaculares estiveram ao mesmo tempo jogando no college. Caitlin Clark, Angel Reese, Cameron Brink, Paige Bueckers… a lista é longa e inclui também a brasileira Kamilla Cardoso, que será uma das líderes de South Carolina nesta temporada.
O advento da possibilidades das atletas faturarem com a venda dos seus direitos de imagem (Name, Image and Likenesse, ou NIL, na abreviação em inglês), permitindo que elas recebam os frutos oriundos do seu talento ainda no college, diminuiu a pressão para que as jogadoras se tornem profissionais. O atratativo para que elas permaneçam nas universidades o máximo de tempo possível nunca foi tão grande.
Melhor para nós, que temos mais chances e mais tempo para apreciar o talento delas em um ambiente tão único quanto o do basquete universitário. Por isso, a fim de deixar o fã de esporte mais preparado para a temporada que começa no próximo dia 6, farei uma enxuta (porém abrangente) resenha sobre as principais histórias para se acompanhar.
O rico ficando mais rico
Não houve espaço para acomodação em LSU após o título nacional. Enquanto manteve a estrela Angel Reese em casa, a head coach Kim Mulkey talvez o melhor trabalho de recrutamento na offseason e trouxe tanto as duas das jogadoras mais cobiçadas deste ciclo no portal de transferências (Hailey Van Lith, de Louisville, e Aneesah Morrow, de DePaul), quanto a melhor classe de calouras de 2023, com incluem duas das sete melhores atletas saindo do high school (Mikaylah Williams e Aalyah Del Rosario).
Os Tigers chegam, assim, favoritos para cortar a rede na próxima final nacional. O basquete feminino universitário não vê um bicampeonato desde que UConn venceu quatro títulos consecutivos entre 2013 e 2016. Cinco escolas diferentes venceram os últimos seis torneios da NCAA. Ou seja, não é fácil fazer uma dinastia neste esporte.
A caçada continua
Iowa é um dos times mais tradicionais do basquete feminino sem um título nacional. Desde que a técnica Lisa Bluder assumiu o time em 2000, os Hawkeyes não jogaram o torneio da NCAA apenas em seis anos. O título nacional chegou muito perto em 2019 e em 2023, quando foram derrotados na final.
O otimismo para que saiam da fila esse ano permanece alto. Caitlin Clark, uma das melhores jogadoras da história recente, volta para sua terceira temporada na equipe. Ela está a 810 pontos de distância de quebrar o recorde de pontos marcados da NCAA, que atualmente é de Kelsey Plum (3.527), que jogou em Washington entre 2013-2017.
Apesar do retorno de Clark, o nível de talento em Iowa sofreu um duro golpe com as saídas de Monika Czinano e McKenna Warnock. Jogadoras como Addie O’Grady e Sharon Goodman terão, pois, mais tempo de jogo este ano.
De volta à força total
A sorte não esteve ao lado de UConn na temporada passada. Uma sequência angustiante de lesões atingiram as principais jogadoras do time. Paige Bueckers, eleita jogadora do ano em sua temporada de freshman em 2020-2021, teve seu progresso em UConn interrompido após romper o ligamento cruzado anterior e ficar de fora de toda a temporada 2022-2023.
A outra estrela de UConn, Azzi Fudd, também precisou lidar com a sua própria cota de lesão que a deixou de fora por um bom tempo nas últimas duas temporadas. Para se ter uma ideia, Bueckers e Fudd jogaram juntas no college apenas em 15 jogos.
Com ambas saudáveis e em busca da sua melhor forma, UConn se coloca imediatamente entre os favoritos para vencer o título nacional.
Reconstrução em South Carolina
Uma mudança drástica encontra-se em andamento em South Carolina após Aliyah Boston, Laeticia Amihere, Zia Cooke, Brea Beal e Victaria Saxton serem todas selecionadas no WNBA Draft. Oportunidade para Kamilla Cardoso ser o rosto e a líder deste time para a temporada.
A pivô brasileira, que entra em seu ano de senior, vem ano a ano evoluindo o seu jogo. Com mais tempo de quadra (foram 36 jogos em 2022-2023), ela viu sua média de pontos por jogo saltar de 5,4 para 9,8 de uma temporada para outra. Investida no papel de lider técnica deste time, sua evoluçã deve seguir.
A armadora Raven Johnson também volta para compor o time titular após marcar 4,2 pontos, 2,6 rebotes, 3,4 assistência (recorde do time) em sua temporada de freshman. Somando-se a elas, há a segunda melhor classe de recrutamento de 2023 e pontuais adições via portal, como Te-Hina Paopao, de Oregon.
O adeus da Pac-12
Como você já deve saber, está será a última temporada da Pac-12, pelo menos da forma como a conhecemos hoje. Antes que 12 programas passem a jogar em novas casas a partir do ano que vem, eles se reunirão pela derradeira vez para decidir quem escreverá por último o nome da tabela de campeões de uma das conferências mais tradicionais e vencedoras do basquete.
Mais uma vez os suspeitos de sempre estão entre os favoritos. A Pac-12 colocou cinco times no Top 25 de pré-temporada da Associated Press: #4 UCLA, #5 Utah, #15 Stanford, #20 Colorado e #21 USC.
UCLA e Utah, como o ranking sugere, despontam como favoritos, graças a manutenção da base do ano passado, que levaram o time até o torneio da NCAA, e a um forte trabalho no recrutamento. Foi da rival Stanford que veio Lauren Betts, a principal reforço dos Bruins para a temporada.
Apesar da saída de Betts, Stanford, como usual, chega com um time muito competitivo, especialmente em razão da presença da All-American Cameron Brink.
Colorado também atrairá muita atenção graças a presença da redshirt freshman Shelomi Sanders, filha mais nova de Deion Sanders.
Por fim, USC confiará a temporada em uma base de jogadoras talentosas, porém novatas, como a freshman JuJu Watkins, a melhor recruta da atual classe.
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A melhor forma de acompanhar o basquete universitário no Brasil é através da Star+. Apenas na segunda-feira, estão confirmadas as transmissões ao vivo de 25 partidas do masculino e 23 do feminino. Siga as nossas redes sociais, no Twitter e Instagram, para acompanhar a programação dos principais jogos.
5 MELHORES JOGOS DA SEMANA 10 DO CFB
#23 KANSAS STATE at #7 TEXAS (Sábado, 13h)
Jogo muito importante para os rumos da Big 12. Embora seja uma ideia muito querida em Austin se despedir da conferência com um título, fato é que os Longhors estão pensando mais no College Football Playoff. Uma vitória aqui, sobre um time ranqueado, é absolutamente essencial, para as pretensões do time de participar do torneio. Mas não será uma tarefa fácil. Kansas vem em uma sequência convincente de vitórias (sobre TCU e Houston) por um placar acumulado de 81-3. Agora, a terceira melhor defesa da Big 12 enfretará uma Texas que jogará seu quarterback titular. Quinn Ewers segue lesionado e Malik Murphy volta ao posto que assumiu no jogo do último sábado contra BYU. Apesar de lançar uma interceptação, Murphy não comprometeu e espera-se que esteja mais seguro jogando agora em casa. De qualquer forma, a maior esperança de big plays dos Lonhhorns segue sendo o RB Jonathon Brooks. Palpite: Texas.
#9 OKLAHOMA at #22 OKLAHOMA STATE (Sábado, 16h30, Star+):
Essa para nenhum fã do college perder. Esse pode ser o último Bedlam da história (certamente será o último em um bom tempo), já que Oklahoma deixará a Big 12 a partir do ano que vem e a escola já deixou claro que não vai dar continuidade no clássico dentro do seu calendário de fora da conferência. Felizmente, tudo indica que será um jogão. E há um mês atrás tudo indicava o contrário, já que o início de temporada dos Cowboys foi péssimo. Mas eles se recuperaram e atualmente estão numa sequência de quatro vitórias seguidas. Fase inversa vive os Sooners, que perderam para Kansas na semana passada e chegam pressionados para o jogo deste sábado. Para evitar a segunda derrota seguida eles precisam fazer um trabalho melhor de contenção do jogo corrido do que aqueles que fizeram sobre Devin Neal. Ollie Gordon, dos Cowboys, é um dos melhores running backs do college este ano e é o principal jogador deste time. Palpite: Oklahoma State.
#12 MISSOURI at #2 GEORGIA (Sábado, 16h30)
Uma das maiores polêmicas do Top 25 divulgado pelo College Football Playoff foi colocar Georgia, atual bicampeão nacional e invicto na temporada, como nº 2 do país, atrás de Ohio State. Um dos principais motivos de “rebaixar” os Bulldogs foi o fato dele ainda não terem nenhuma vitória sobre um time Top 25. De fato, o nível dos adversários da equipe até aqui não foi dos melhores. Dos adversários até aqui da FBS, nenhum deles tem mais que cinco vitórias. Porém, esse não será mais um problema, considerando que Georgia enfrentará, na sequência, #12 Missouri, #10 Ole Miss e #17 Tennessee. Sequência para comitê nenhum colocar defeito. O time será levado limite antes de pegar outra pedreira na final da SEC. Mas toda essa sequência indigesta começa neste sábado. Missouri tem sido uma das gratas surpresas deste ano e, liderados pelo WR Luther Burden, tentarão cometer o crime no Sanford Stadium. Palpite: Georgia.
#5 WASHINGTON at #20 USC (Sábado, 20h30, Star+)
Os Huskies viajam até o Coliseum para uma partida mega decisiva nos rumos da Pac-12 este ano. Pode não parecer, mas USC depende apena de si para jogar a final da conferência e para isso precisa tirar a invencibilidade e diminuir drasticamente as chances de playoff dos Huskies. Mas USC tem muitos problemas, que vão além dos conhecidos problemas da defesa. Caleb Williams, apesar da boa partida contra Cal, já não parece mais tão brilhante quanto no início da temporada. Culpa também de uma porosa linha ofensiva que o obriga a fazer milagres com mais frequência que o normal. Washington, apesar de ter tido sua cota de problemas exposta nos últimos jogos, parece em melhores condições de vencer neste sábado. Mas vocês sabem como é, não se pode subestimar a vocação da Pac-12 de se canibalizar e manter todos fora do playoff. Por isso, chances altas de upset aqui. Palpite: Washington.
#14 LSU at #8 ALABAMA (Sábado, 20h45):
A temporada dos Tigers e da Crimson Tide pode não ter começado da forma que o torcedor das duas escolas esperava, mas ambos corrigiram e, agora, chegam para o confronto deste sábado com o futuro da SEC West em jogo. Uma vitória de LSU (e de Ole Miss sobre Texas A&M) colocaria a divisão em triplo empate na liderança. Se Alabama vencer, a vaga na final da conferência fica bem encaminhada, bem como os sonhos de playoffs. Jogando em Tuscaloosa, o time deve usar e abusar do jogo corrido para limitar as posses de bola do ataque de LSU e deixar Jayden Daniels ao máximo fora do campo, até porque os Tigers possuem o melhor ataque do college em pontos por jogo (47,4), jardas por jogo (552,9) e jardas por jogada (8,09). Ou seja, Alabama tem zero interesse em transformar esse jogo em um tiroteio. Palpite: Alabama.
GIRO DO COLLEGE
» COLLEGE FOOTBALL
■ O College Football Playoff revelou na última terça-feira o seu primeiro Top 25 do ano. Ohio State foi escolhido como o time n° 1 do college, seguido por Georgia, Michigan e Florida State. Este será o último ano do torneio no formato de quatro times. Confira abaixo como ficou o ranking.
■ A NCAA está investigando se Connor Stalions, membro da comissão técnica de Michigan e suspeito de ser a peça central de um esquema de roubos de sinais dos adversários, esteve na sideline de Central Michigan durante a partida contra Michigan State na semana 1. CMU disse que está também apurando o caso. (ESPN)
■ Ao mesmo tempo, cresce a pressão para que o comissário da Big Ten, Tony Petitti, aplique uma punição sobre Michigan. Em uma reunião via videoconferência, a maioria dos técnicos da conferência teriam pressionado o comissário agir imediatamente para punir os Wolverines. (Sport Illustrated)
■ Brian Ferentz, coordenador ofensivo de Iowa, decidiu que não permanecerá no cargo a partir de 2024. O diretor atlético dos Hawkeyes, Beth Goetz, confirmou que Ferentz deixará o time após a participação na bowl season. As críticas ao trabalho do OC cresceram muito desde a temporada passada e permaneceram neste ano. Atualmente, Iowa tem a menor média de jardas de ataque por jogo da Power 5 (244,2). (Associated Press)
■ Apesar da demissão do filho, o head coach dos Hawkeyes, Kirk Ferentz, reforçou sua intenção de permanecer no comando da equipe. Ferentz é atualmente o técnico mais longevo em atividade no college, estando em Iowa desde 1999. (theScore)
■ O RB Miyan Williams, de Ohio State, não retorna mais aos campos nesta temporada após ser submetido a uma cirurgia para reparar uma lesão não divulgada. Assim, o corpo de corredores dos Buckeyes fica basicamente reduzido a TreVeyon Henderson (que já precisou lidar com lesões nesta temporada) e Chip Trayanum. (ESPN)
■ O RB Will Shipley, de Clemson, está em protocolo de concussão após sofrer uma forte pancada no capacete durante a derrota para North Carolina. Ainda não está claro se estará disponível para a partida contra Notre Dame neste sábado. (ESPN)
» COLLEGE BASKETBALL
■ Cooper Flagg, o recruta nº 1 na classe de 2024 e um dos mais jogadores mais cobiçados no basquete dos últimos anos, se comprometeu nesta manhã com Duke. Flagg é o terceiro recruta nº 1 da história a se comprometer com o basquete dos Blue Devils. (The Athletic)
■ O NIT (National Invitation Tournament) mudou o critério de classificação e, a partir de 2024, não vai mais conceder vaga automática aos campeões da temporada regular das conferências que não se classificarem para o March Madness. A partir do ano que vem, dois times das seis principais conferências (ACC, Big East, Big Ten, Big 12, SEC e Pac-12) terão vaga garantida no torneio. (The Athletic)
■ Bob Knight, técnico Hall da Fama do basquete masculino universitário, faleceu na quarta-feira aos 83 anos. Knight fez história treinando Indiana entre 1971 a 1990, período em que venceu três titulos nacionais e 11 da Big Ten. (ESPN)
■ Brooke Wyckoff, técnica do basquete feminino de Florida State foi diagnosticada com câncer de mama e submetida, na terça-feira, a uma cirurgia para remover o tumor. Espera-se que Wyckoff retorne à sideline a tempo para a estreia da temporada, na segunda-feira, contra Charleston Southern. (Associated Press)
» COLLEGE SPORTS
■ A partida entre Minnesota e Wisconsin do último domingo tornou-se a maior audiência da história do vôlei feminino universitário. Uma média de 1,66 milhões de pessoas assistiu ao jogo que foi transmitido pela FOX americana. (Front Office Sports)