A força das rivalidades no college football
Por que o que ocorreu em Tennesse vs Alabama foi uma expressão do que há de melhor no esporte universitário?
Olá, fã do college!
O último fim de semana do college football foi especial. Lembrou a todos o porquê desse esporte ser tão especial e único no mundo. A partida entre Alabama e Tennesse foi um daqueles clássicos instantâneos, que permearão o imaginário do fã do esporte por muito tempo. Todos os ingredientes para isso acontecer estavam lá: dois programas de expressão, quarterbacks talentosos, estádio lotado e partida decidida nos últimos segundos. Por um capricho dos deuses do futebol, calhou do lance decisivo do upset de Tennesse viesse no estouro do relógio, em um field goal convertido que explodiu o Neyland Stadium em uma onda de euforia que varreu o campo e que até arrastou uma das traves até o Rio Tennesse.
São momentos como esses que fazem desse esporte muito diferente da NFL, por exemplo. O que aconteceu no sábado nos mostra que ganhar títulos nacionais é secundário diante de que está no DNA do collge football: vencer seus maiores rivais. Lógico que ganhar títulos nacionais são importantes, mas não é isso que move a maior parte dos programas atléticos.
A FBS atualmente é composta por 131 times sendo que apenas cerca de 20 deles tem reais chances de vencer o título nacional em janeiro. Paridade, de fato, não é o forte desse esporte. Então por que os torcedores dos outros 111 times ainda se importam tanto? Se o título nacional fosse a única coisa que importasse, por que eles se preocupariam frequentar estádios todo outono, gastando inúmeras e valiosas horas de sua vida?
O college football, mais que nos demais esportes universitários, foi construído na base das rivalidades regionais. Nenhum outro esporte americano produz rivalidades como as do college. Vencer a universidade mais próxima vira quase uma questão familiar, mais intrínseca, mais íntima. Está impregnada na cultura e nas tradições locais.
Michigan vs Ohio State, Alabama vs Auburn, Texas vs Oklahoma, Navy vs Army e Florida vs Florida State são apenas as mais famosas das inúmeras rivalidades que permeiam todo os níveis do college. Há inúmeras outras que, embora menos badaladas, são tão tradicionais quanto as já citadas, como South Dakota State vs. South Dakota, Harvard vs Yale e Lafayette vs Lehigh (para ficar em apenas alguns exemplos).
As raízes profundas (seculares, muitas vezes) sobre as quais são construídas as rivalidades mais ferrenhas é o que mantém os torcedores indo aos estádios anos após ano, torcendo para que seu time do coração prevaleça sobre seus rivais de conferência. Em grande medida, as conferências mais tradicionais foram construídas para acomodar times próximos geograficamente e que nutrem entre si um forte espírito de rivalidade. Mesmo um programa independente como Notre Dame não abre mão de preservar sua rivalidade com USC, embora a origem não seja regional, mas ampara por outros fatores.
Até o final dos anos 90 não existia um jogo que decidisse o campeão nacional. Se o college football playoff fosse algo tão essencial, o esporte não teria sobrevivido por mais de 100 anos sem sua existência. A necessidade de um playoff que reúna os melhores times do ano é relativamente recente. Embora eu ache válida a sua existência (e expansão, no caso atual), nenhum fã do college football passou a gostar do esporte por causa dos playoffs.
São os sábados da temporada regular que constroem os fãs do college football. Nenhum outro esporte tem uma temporada regular mais disputada e relevante. Preservar a sua relevância é preservar sua identidade.
Ao contrário de outras ligas como NFL (cujos rivais se encontram, pelo menos, duas vezes ao ano), NBA, MLB, futebol etc, o college football produz apenas um encontro anual entre seus rivais. Michigan vs Ohio ocorre só uma vez ao ano. Tennessee tem apenas uma chance no ano de vencer Alabama. Os 16 jogos de invencibilidade que a Crimson Tide tinha antes do último sábado significava que os Volunteers amargavam 16 anos sem saber o que era vencer o clássico. Não foi, pois, injustificada toda a euforia que seus torcedores ficaram após a vitória.
Mesmo que a temporada de Tennessee caia aos pedaços a partir de agora, esse é o momento que ficará na memória dos torcedores ao longo dos anos. Que mais times experimentem momentos semelhantes nessa temporada. Para o bem dos torcedores. Para o bem do college football.
COLLEGE FOOTBALL
PRÉVIAS DOS PRINCIPAIS JOGOS DA SEMANA 8
#14 SYRACUSE at #5 CLEMSON (sábado, 13:00) | Pode ser um choque para você, mas Syracuse atualmente tem uma das dez melhores defesas do college football. E não apenas isso, o ataque comandado por Garrett Shrader e Sean Tucker é realmente talentoso e será um bom desafio para a gabaritada defesa de Clemson. Desafio grande demais, aliás. A linha defensiva de Clemson não soube fazer outra coisa além de ser dominante essa temporada. A batalha nas trincheiras definirá o vencedor dessa partida e, por isso, Clemson é amplamente favorito.
#20 TEXAS at #11 OKLAHOMA STATE (sábado, 16:30) | Duelo importante para definir os rumos da corrida pelo título da Big 12. Se Texas vencer em Stillwater, é hora de começar a levar a sério a possibilidade de os 'Horns chegarem à final da conferência. Oklahoma State, com uma segunda derrota na conferência, estaria definitivamente fora. Restaria a TCU, Kansas State e Texas batalhar pelas duas vagas na final. Contudo, acredito que os Cowboys confirmarão o favoritismo em casa e tirará Texas da disputa.
#9 UCLA at #10 OREGON (sábado, 16:30) | O jogo da rodada. Apenas da derrota desmoralizante para Georgia no primeiro jogo da temporada, Oregon soube se reerguer e fazer uma temporada de manual desde então. UCLA começou a temporada jogando apenas contra cupcakes, o que levantou questões sobre o quão realmente bom o time é. Mas vieram as vitórias sobre Washington e Utah que colocaram de lado as desconfianças. Aliás, colocaram os Bruins e o QB Dorian Thompson-Robinson no hype train. Para o jogo dessa sábado, os Ducks terão uma vantagem significativa em casa no Autzen Stadium. Mas os Bruins estão vindo de uma bye week, de forma que uma semana adicional de preparação equilibra as coisas.
#24 MISSISSIPPI STATE at #6 ALABAMA (sábado, 20:00) | Bulldogs e Crimson Tide se encontram tentando se recuperar das derrotas do último sábado. A secundária de Alabama comeu o pão que o diabo amassou com Hendon Hooker. Por isso, a princípio pareceria que enfrentar o ataque ofensivo aéreo de Mike Leach não seria um matchup favorável a Crimson Tide. Mas acredito que não será esse o caso. O ataque de Mississippi State carece de uma ameaça terrestre robusta que faz do ataque de Teneessee tão insidioso. Nick Saban certamente fará os ajustes para que a secundária se porte apropriadamente, permitindo que Alabama repita os blowouts que ocorreram nos últimos anos, quando venceram os Bulldogs pelos placares de 41-0 e 49-9.
#17 KANSAS STATE at #8 TCU (sábado, 21:00) | Outro jogo importante da Big 12. Os Horned Frogs tem sido uma das maiores surpresas da Big 12 este ano e continuará um forte concorrente ao título mesmo com uma derrota no jogo deste sábado. Kansas State também está tendo uma temporada fora da curva. A seu favor está o fato de estar saindo de sua bye week. Os Wildcats possuem um ataque terrestre forte e que pode complicar o lado de TCU, cuja defesa contra a corrida é apenas a 54ª melhor dentre os times da FBS. Por isso, fiquem de olho no quarterback Adrian Martinez, que além de uma ameaça pelo chão, tem sido muito competente lançando a bola, de forma que Kansas State é o único time da FBS que não lançou para uma interceptação.
Tennessee*